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sábado, 2 de dezembro de 2017

CAEM AS PENAS DO PAVÃO ...



          Tomando a imagem de um pavão com a cauda aberta, maravilhosa em suas formas e cores, orgulhoso e vaidoso de sua supremacia, nós também assim  idealizamos o melhor e mais bonito para nossas vidas e para aqueles que amamos. Enfeitamos nossos sonhos com variados e coloridos detalhes, conforme o que acreditamos ser o melhor e mais importante para nos fazer feliz: um porvir com riquezas materiais, com “sucesso”, com posições de poder, com destaque como vencedores, destaques no Saber, destaque em boas características de caráter... Destacando-se ante os outros!
  
            Para os nossos filhos e familiares mais queridos idealizamos tudo isso, porque os amamos, porque queremos vê-los vitoriosos e demonstrar assim para o mundo nosso sucesso como pais e como família. Queremos sempre sonhar alto para eles, porque nos sentimos importantes e porque eles são tão importantes para nós... Sentimo-nos em nossos sonhos como pavões emplumados, orgulhosos e vaidosos, exibindo nossa prole, nosso nome.

               Na verdade, acreditamos que eles são nossos e que, se executarmos “direitinho” nossos papéis, nós os moldaremos aos nossos sonhos. Só não nos disseram que eles apenas estão conosco, mas não são nossos! Têm características próprias e com o tempo, começam a ter seus próprios sonhos e desejos. Com o tempo, através dos desafios da vida, vão afastando-se dos nossos ideais, criando outros caminhos, muitas vezes tão diferentes do que quisemos para eles...

              Sem compreender que eles não eram nossos continuadores, que não podiam, ou não queriam, atender àquelas nossas expectativas, sofremos grandes desilusões e lutamos... Tentamos de tudo para fazê-los se adequarem ao modelo sonhado: Choramos, fizemos chorar, nos desesperamos... Humilhados com nosso “fracasso”,  nós  os humilhamos, chamando-os de fracassados, de ingratos, de desencaminhados...

                 Nessa luta tão dolorosa ante nossa impotência ainda incompreendida, fomos perdendo nossas “penas coloridas”, mistura de nosso amor com nossa vaidade e orgulho. Nesse debate e agonia, “caem as penas do pavão”... Mas, quando o amor se sobrepõe às lutas e dores, vamos experimentando a transformação de nossa mágoa, raiva e humilhação em Aceitação do Outro, respeito pela sua trajetória na vida, ainda que muito dolorosa, e na aceitação dos desafios que a Vida está nos oferecendo, amando e valorizando cada detalhe bonito e positivo de cada um de nós.

                 Então, aos poucos, as rígidas penas de brilho supérfluo e vaidoso, ainda que tão bonitas, vão sendo substituídas em nossas relações conosco mesmos e com o mundo, por uma penugem suave e macia, gostosa de se tocar, que nos traz alegria de Ser e Estar...

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