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domingo, 1 de outubro de 2017

UM AMOR SILENTE



            Há momentos em que nos sentimos imprensados entre a dor deixada por um passado que se foi e encurralados pela ansiedade de querer viver intensamente em direção ao futuro, enquanto também ele, vai tornando-se passado. Quando esses sentimentos se encontram, eles nos massacram o presente, invadindo-o, impedindo-nos de vivê-lo de modo real, atual, concreto. 
           E agora, nesse presente fugidio, fica a agonia de reconhecer que a vida passou e eu estava correndo!... A agonia de ter a impressão que, de tudo, de tanta vida, restaram apenas flashes...  Quero juntá-los, organizá-los em mim, revivê-los como num roteiro mais completo de minha própria vida, mas fica muito difícil, porque todo tempo eu estava correndo... 
             Foram estudos, amores, disputas, trabalhos, separações, filhos... Correndo sempre um busca de acertos e do “sucesso” em tudo no futuro. Correndo do medo, da ameaça das dores, correndo da lembrança das falhas passadas, das perdas irreparáveis... Correndo mais e mais... e a vida passando, sem que eu tivesse tido tempo de saboreá-la direito, chorando ou sorrindo!   
             Parece tudo ter se esfumaçado.. . Nesses momentos, fica a percepção de que tudo passou  e continua passando, enquanto eu choro. Nessa tentativa de retrospectiva tão confusa, doída e negativa, do caminho percorrido, às vezes, eu preciso chorar! Mas onde chorar? Com quem chorar? Onde encontrar  acolhimento, consolo, carinho e silêncio?   Aqueles que me amam, por amor, muitas vezes, fogem de ouvir minha agonia ou, tentam me consolar,  falando, aconselhando, querendo me fazer “entender”...
             Nesses momentos, tão únicos em cada um de nós, preciso de um Abraço Silencioso, de completa escuta, de compreensão amorosa, terna, suave... Abraço que acolhe um filho pequeno, medroso, tão confuso e choroso... Fecho os olhos para o mundo e me entrego, em oração e meditação, a esse Amor Silente, a esse Poder Maior  de puro amor!  Ele sabe, Ele me cuida, à espera daquele momento passar. Ele sabe que esses momentos de depressão, reflexão e avaliação, mesmo tão negativos, fazem parte do meu caminhar.  Ele sabe que ainda tenho medos, dores, distrações, fugas, tropeços, covardias...  Para isso, Ele é o doce refúgio, o ninho, a Luz que me orienta e espera, paciente e amoroso, confiante em meu ainda hesitante caminhar....


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