Pesquisar este blog

sábado, 14 de outubro de 2017

EM NOME DO BEM




             Atenção! Que “bem” é esse? Que bandeira é essa? Esse “bem” assim invocado é um fim em si mesmo ou um meio de alcançarmos outros fins? 

              O Bem Maior é a vivência pessoal da Verdade, da Justiça, da Compaixão, do Respeito...  do Amor, enfim. É uma vivência  intransferível, mas que se esclarece, fortalece, transborda e encontra maior sentido no compartilhar espontâneo e respeitoso com os Outros.   Essa “bandeira” precisa ser coerente com esses valores ou corre o risco de se perder, sem percebermos, e se transformar em um meio a serviço de outros fins, num meio de controle de pessoas adultas. 

              “Em nome do bem” pode esconder  nossa ansiedade, prepotência e vaidade de nos sentirmos, ou nos intitularmos, os melhores, os mais bem preparados, os que sabem mais, os mais virtuosos, os defensores dos “fracos” ou  daqueles que são oprimidos  “por outros”, que carregam, também, outras bandeiras. Antes de empunhar bandeiras, que atropelam  em “nome de bem”, preciso me observar : sinto-me superior intelectualmente, mais “generoso”, mais poderoso, com mais razão e mais preparado para dirigir outras pessoas adultas? Consigo entender que chegar, mesmo com bons propósitos, “em nome do bem”, para tutelar os outros é profundamente desrespeitoso? Que sob essa bandeira pessoas, povos, nações...  foram “ensinados”, catequizados, subjugados pela “supremacia” dos “defensores do bem”? 

                  Pessoas adultas precisam ser respeitadas. Têm direito de escolha, ainda que más ou confusas escolhas. Só através das consequências de nossas escolhas podemos ter algum aprendizado. Atrás de bandeiras com dizeres “Eu sei o que é melhor para eles” , É para seu bem... É por Amor... esconde-se profundo desrespeito pelo caminhar de um outro adulto.

                   O fato de estarmos no “mesmo barco”, familiar ou não, e sofrermos “respingos” pelas escolhas alheias, não nos dá o direito de resolvermos por eles. Precisamos, sim, resguardar nossos espaços, segurarmos nossos anseios de superioridade e dominância, compartilharmos opiniões (quando solicitadas), cuidarmos de nossa paciência, de nossa capacidade de amar, de nossa impotência perante o outro e aprendermos a ser assertivos com nosso espaço e nossas escolhas. É o que vigora em nome do bem – do nosso bem e do bem do outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com

Obrigada por sua participação.