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sexta-feira, 5 de maio de 2017

DISFARCES DA DOR




           Todos os disfarces têm o objetivo de nos defender do mundo... e até de nós mesmos. Disfarçamos nossas dores negando-as, por medo de entrarmos em contato com elas e doerem ainda mais!  Disfarçamos, também, por orgulho e vaidade, para que não pareçamos frágeis, falíveis, derrotados, “coitados”... Disfarçamos pela vergonha de estarmos sofrendo, para demonstrarmos que somos fortes, que não ligamos, que “não estamos nem aí!”

            Algumas de nossas dores mais sofridas são consequências de expectativas fantasiosas em nossas relações. Esperamos do Outro o que ele não pode ou não quer dar. Sobrevêm, então, desilusões, o desgaste dos sonhos, sustos, mágoa, tristeza, culpa, vergonha, raiva, não conformação... Cada um dentro da relação sente a perda gradativa do amor do outro, a rejeição, a desvalorização, a frieza, a distância, a indiferença...  A comunicação, sempre manipulada, desonesta, a serviço do controle, do medo de perder, não consegue nos aproximar. Ela só nos torna mais desconfiados, inseguros...  Não aprendemos a escutar nossas emoções, não conseguimos nos revelar, só aprendemos a disfarçar, a cobrar e a culpar... e isso só nos afasta ainda mais!  Sofridos e perdidos na relação, começamos a ter atitudes de revide e “troco”: intolerância, implicância, ironia,  agressividade... Elas apenas tentam encobrir nosso medo, insegurança, frustração, raiva... e isso também só nos afasta ainda mais!

             Sofridos e humilhados, amargos, mas ainda juntos e apegados, muitas vezes acreditamos que só nos resta mascarar nossa dor, fazendo graça, piadas, “brincadeiras”... Em tom de comédia, criticamos e depreciamos, em público ou não, os defeitos e fragilidades um do outro. Como palhaços que escondem as lágrimas sob a maquilagem, nós também somos os gaiatos da festa dos outros e das nossas encenações particulares. Essas tolas e patéticas máscaras de indiferença distraem todos, mas nos mantêm aprisionados na dor, até que a relação se desfaça por completo, numa agonia triste e prolongada!

            Nada disso vale a pena! É preciso clarear minhas relações afetivas, abandonando expectativas irreais e, principalmente, abandonando disfarces de mim!  Preciso ser leal aos meus sentimentos, dando voz a eles, com honestidade, sem me envergonhar dos meus enganos... Preciso perguntar para mim o que quero: Ironias e “picuinhas” medíocres, que nos amesquinham, que servem para distrair, para disfarçar e nos distanciam ou o Respeito Simples Honesto, sem disfarces, que pode nos aproximar?

            Disfarces têm um alto custo. Eles abafam, distanciam, machucam e, principalmente, tiram a chance de acertar o Encontro... 

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