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quarta-feira, 30 de março de 2016

PAIXÕES




         Paixões são labaredas emocionais, liberadas e/ou alimentadas pelo nosso ego, quando ele se mostra delirante, orgulhoso, vaidoso ou... carente. Elas podem, então, nos cegar e se tornam carcereiras de nosso orgulho, de nossas carências afetivas, de nossa necessidade de fantasiar o real...  Irrompem em nós num exagero da vontade, do desejo...  Nos incapacitam para “ver e ouvir” qualquer argumento diferente do que desejamos. Já não conseguimos analisar com lógica e liberdade ou sermos minimamente imparciais, por estarmos deslumbrados com o ideal. Paixões marcam o adoecimento, ou o impedimento, do Amor, que se transmutou em delírio e necessidade de posse.

Paixões são despertadas, e despertam, competição, dissidência. Elas clamam que lutemos pelo que escolhemos, pelo que “possuímos”, pelo objeto que “amamos” ou mitificamos – sejam  esses afetos, pessoas, animais, lugares, ideias, partidos, religiões,  nações... Paixões são gritos, súplicas e desafios do ego.  O ego ainda não sabe amar, ele só sabe se apaixonar!   

E como “pegamos”, absorvemos, a energia das paixões à nossa volta! Escolhemos um lado e nos entregamos aos delírios uns dos outros. Tão intensas são as emoções que muitos ficamos “adictos” do “barato” que as paixões despertam em nós, em nossos corpos: o físico febril, a agonia das emoções exaltadas, os delírios  da mente...  Quando, afinal, o “fogo das paixões” esfria, se apaga, ficamos assustados, deprimidos, vazios, achando a vida sem graça! Ou saímos, desesperados, em busca de novas paixões que preencham nosso mundo! Tão adoecidos estamos num mundo egoico de paixões que, se não estivermos febris e apaixonados, pensamos estar sem amor!

Na verdade, somente quando nos desapaixonamos, podemos realmente, ver, sentir, descobrir, escolher... e aprender a Amar.  Somos ainda muito imaturos em nossa afetividade. Perdemos, facilmente, a medida de nossos desejos e emoções, para amar ou para detestar.  Precisamos nos afastar um pouco do tumulto das paixões, nos afastar daqueles apaixonados que nos dominam e dos que  queremos dominar. Precisamos “dar um tempo” para ter um distanciamento, para poder o corpo esfriar, para acalmar as emoções, para deixar a mente serenar... Precisamos olhar para dentro e descobrir o que aquela paixão encobre, que necessidades afetivas parece suprir, de que características como orgulho, vaidade, arrogância, pretensão ... ela se alimenta e se retroalimenta. Somente eu posso analisar e tirar o poder das paixões que tanto me inflamam, me enganam e acabam por tanto me fazer sofrer. Paixão faz sofrer, porque não é Amor! 

O Amor é de outro nível, de outra dimensão! O Amor aceita o real, cresce na verdade, com simplicidade, livre, sem sustos, sem desenganos, sem fim... O Amor jamais faz sofrer!


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