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sábado, 17 de janeiro de 2015

CRIANÇAS FERIDAS


           Muito se fala sobre a inocência e beleza da infância, mas, na verdade, as crianças quase sempre foram desrespeitadas por serem fracas e vulneráveis num mundo adulto poderoso, forte, competitivo e insensível. Nesse mundo, as crianças sofrem abusos, abusos de muitas formas... Abusos físicos em trabalhos, em castigos/pancadas, em desnutrição... Abusos psicológicos, quando aprendem o “certo”, mas vêm o mundo adulto fazer o “errado”... Abusos afetivos, por desnutrição de carinho, de amor, de atenção, de valorização.  Abusos, quando são abandonadas, rejeitadas, ridicularizadas, humilhadas... Abusos, quando são mantidas desnutridas espiritualmente por falta de valores éticos, amorosos...

            Crianças abusadas são crianças feridas! Crianças sangrando em dor, confusas, emudecidas na dor, amordaçadas pela culpa e vergonha de crimes que não cometeram, onde foram as vítimas e ainda se tornam reféns desses segredos.Crianças em eterno medo, com gritos calados pela força, pela desatenção e descrença do mundo...Crianças feridas com a dor da impotência sem solução, num mundo de  força, injustiça e poder. Crianças feridas em disputas familiares, como objetos, em nome do amor!

            Mas, ainda assim, as crianças  revelam a força da vida ao sorrirem, mesmo em meio às lágrimas, à mínima brecha no sofrimento!  Elas sobrevivem à infância abusada, transformam-se em adultos, mas trazem sequelas desse início sofrido. Algumas crescem e muitas vezes tendem a repetir os modelos que aprenderam com tanta dor. Cuidado! Agora a força, o poder e aquela visão de mundo estão com elas! Outras guardam, em maior ou menor grau, as marcas daquela infância ferida, marcas que podem se perpetuar por toda a vida...

            Hoje somos, cada vez mais, informados, alertados, sensibilizados, para essa vulnerável fase da vida – para as nossas crianças, para as crianças em geral. Mas é também importante “ouvir” e sentir a criança que fomos, a criança ferida que “fala” forte e insistente em nós e, talvez, ainda tenha gritos de dor abafados pela racionalidade de nossa mente adulta.  Como está a criança que fomos e que, mesmo adultos, ainda permanece em nós? O quanto se sentiu oprimida, abusada, disputada, enganada, envergonhada...?  O quanto tem dificuldade de acreditar? O que é, realmente, “certo ou errado” no que nos fizeram acreditar? Quanto, ainda, nos sentimos inseguros, carentes de amor e valorização?  Quais as marcas mais profundas que carregamos conosco? Quais atitudes, resultantes de nossas sequelas, acabamos transmitindo para outras crianças, para as nossas crianças?

            Preciso acolher, a cada momento, a criança da minha história. Hoje, ela tem a mim para ouvi-la, entender sua confusão e impotência, sentir realmente sua dor...Tem a mim para gentilmente aceitá-la, valorizá-la e amá-la...  Hoje, eu tenho a força e o poder do Amor para libertá-la.

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