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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

CO-DEPENDÊNCIA


            Depender de um dependente! Depender de quem já não é dono de si mesmo, dono da direção do seu caminhar, de sua própria vontade! Estar atrelado a algo/alguém  desgovernado, sem oriente, sem orientação... Ver os obstáculos, os abismos... tropeçar, ver que vai cair, sofrer, até adoecer e morrer, mas acreditar  que não pode  evitar!

            Chorar, sofrer, se desesperar pelos descaminhos de quem amamos! Mágoas, frustrações, raiva, vergonhas, culpas... por tudo que tentamos para corrigir sua “rota” e nada conseguimos! Falar, explicar, tentar convencer, ameaçar, agredir, suplicar, se desesperar... e nada adiantar!

            Mentir, omitir, disfarçar, inventar, se desesperar pela “falta de diálogo”, pela impossibilidade de nos comunicarmos, se desesperar pela distância cada vez maior! Sentir-se em meio a um nevoeiro escuro e angustiante, perdidos uns dos outros, em desencontro, em eterna agonia, buscando um entendimento que não acontece...

             Envergonhar-se por ser cúmplice de tudo que rejeita, numa tentativa final de “proteger” o dependente das consequências de suas atitudes adoecidas. Deixar-se manipular e submeter por uma culpa escondida, sentir raiva e depois mais culpa pelo sentimento que “não deveria” sentir!

              Desesperar-se, culpando-se por haver fracassado na missão de querer e acreditar no impossível – viver a vida de alguém- mesmo que para salvá-lo de sua prisão, mesmo que por amor!   E nesse querer impossível, ficamos ambos acorrentados, numa luta onde “vale tudo”. E escorregamos  num mergulho mortal para o fim do amor, da felicidade, da própria vida... Co-dependência é isso: desespero e desesperar-se!

              Mas, por que essa submissão enlouquecida, que adoece e mata? Por que insistimos até o fim, mesmo sem nada adiantar?

           Porque amamos e acreditamos que esse é o nosso dever! Porque acreditamos que precisamos dar conta de “nossa missão” e para tanto podemos e devemos mudar o outro. Por que não podemos “abandoná-lo”. Porque acreditamos que “Amar é sofrer”!

            E também porque acreditamos que cuidar do Outro, viver a sua vida, é que dá sentido à nossa própria vida!  Porque, muitas vezes, precisamos que precisem de nós para nos sentirmos amados e importantes! Porque precisamos fazer bem o nosso papel para nos sentirmos valorizados... Se não, teremos sido incompetentes, teremos fracassado!

            Temos muita dificuldade em mudar nossas crenças sobre nossos papéis nas relações. Contudo, se não mudarmos algumas dessas  crenças, jamais conseguiremos mudar nossos sentimentos e comportamentos!

           Preciso reconhecer que eu e o dependente somos duas pessoas  únicas e diferentes, ainda que nos amemos muito! Somos seres naturalmente desligados, ainda que ligados por laços de amor! O que nos iguala é a mesma Fonte de Luz da qual nos originamos, a mesma necessidade de caminharmos e o mesmo direito de viver e aprender com os desafios de nossas próprias vidas. Somos impotentes para modificarmos uns aos outros, quaisquer outros!

            Somente quando começo a entender e aceitar essa nova crença, posso começar a me libertar, e libertar o dependente, da minha desesperada tentativa de controle. Preciso da força da minha Luz Interior, de filho que sou de um Poder Maior, e da força de pessoas que, como eu, estão na mesma busca de libertação. Ainda temos dúvidas, confusões, um grande medo e tantas cobranças de nós mesmos, do mundo e um do outro!  Estando em unidos em Grupos é que poderemos fortalecer nossas novas crenças, liberar nossos sentimentos e nos encorajarmos a novos comportamentos.  


            “Co-dependência, nunca mais!”