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quarta-feira, 12 de março de 2014

CONFLITOS FAMILIARES III - AINDA


            A Família, nosso primeiro berço, nos acolhe, nos nutre, e nos ensina tudo que ela sabe: como viver, como conviver, como sobreviver... Tudo em meio àquele pequeno universo com constantes confrontos e conflitos, e tudo com amor, e tudo por amor...
 Em Família vivemos...
 - uma hierarquia sempre confrontada pelas novas gerações e criticada pelas antigas.
 - uma luta surda/subterrânea ou gritada/aberta pelo poder na “direção do barco”.
 - conflitos de gênero, homens e mulheres, tão diferentes e lutando cada vez mais por direitos iguais... ou para se sobreporem uns aos outros!
 - o tempo que traz à baila uma eterna comparação/competição: qual família de origem é melhor (ou pior) – a minha ou a sua?
 - um terreno aberto aos “palpites”, críticas e cobranças da família mais extensa. Um terreno minado por jogos de poder com segredos, mentiras, manipulações... “por amor”, “para não magoar”, “porque sabemos o que é melhor para todos”!
 - uma disputa infindável entre irmãos pela maior atenção e amor dos pais, disputa/competição confusa, onde se misturam ciúme, inveja, raiva,  lealdade, companheirismo, parceria, carinhos, cuidados...
 - o desamor/desesperança que tantas vezes se instalam e nos separam após tantos conflitos, tantas mágoas, frustrações, ressentimentos...

E, em Família, nós só buscávamos ser amados, ser valorizados... Queríamos ter razão, saber mais, poder mais, receber mais, cuidar mais – daqueles que tanto amávamos!  Queríamos controlar, segurar/prender junto a nós, dirigir, orientar, nos sacrificar... Acreditávamos que éramos e que deveríamos ser/estar “juntos e misturados” para nos sentirmos sempre unidos, apegados, pedaços de um só bloco (euoutros) – a Família.

Mas agora nos debatíamos, cada vez mais zangados, distanciados, confusos e magoados! Perdemos o jeito de nos tratar com gentileza e ternura – de expressar nosso amor! Já não conseguimos nos ouvir - só para  nos defender e poder rebater, com críticas e cobranças!

Por que ficamos assim? Afinal, nos amamos e somos uma Família! Em que pedaço do caminho fomos nos distanciando, nos perdendo... perdendo a alegria e a doçura de estarmos juntos?  Por que tantos conflitos? Eles pareciam tão simples e “normais”... Foram “tantas coisinhas miúdas...quebrando o  nosso ideal...”

Preciso entender: nós não somos euoutros!  Nós somos Eu e Cada um dos outros! Somos pessoas únicas, diferentes, que compartilham o mesmo ninho! Precisamos estar juntos para interagirmos e crescermos, mas não misturados, plugados, apegados!
Somos seres de passagem com histórias e escolhas diferentes, com caminhos/destinos próprios, que nessa passagem se encontraram no mesmo ninho familiar, por vontade própria e/ou de um Poder Maior. Esse ninho abriga os que chegaram antes e caminharam, aprenderam, acolheram os novos, compartilharam experiências, choraram os que se foram, continuaram...
Em Família, somos parceiros, companheiros numa aventura cheia de desafios que nos chamam para crescer e nos libertar... Não somos adversários ou donos, ainda que amorosos, de nossos familiares.

            A visão equivocada e apegada que temos de nossos laços, a luta pelo amor e valorização que buscamos em nossos familiares, é que nos levam aos conflitos e ao desamor.
 - preciso aprender a Viver e Deixar viver!
 - preciso tirar os possessivos de minha visão amorosa e familiar: meu..., minha...
 - preciso aprender a cuidar de mim, com ternura, aceitação, alegria...
 - preciso aprender a me valorizar, descobrindo e festejando minhas qualidades, meus dons únicos, minha perseverança, minhas conquistas interiores, quaisquer conquistas...
 - preciso estar atenta a mim, com honestidade e boa vontade para poder levar ao ninho, compartilhando e interagindo, esse novo modo de ser/estar em Família.

            Talvez na minha Família não queiram mudanças. Talvez prefiram os conflitos que acham “normais”. Talvez prefiram continuar a acreditar que “Amar é sofrer”, que sempre foi assim...
Mas eu posso crer, ser/estar e fazer diferente – porque sou diferente! Somos todos diferentes, ainda que alguns não saibam ! Se não quero viver esses conflitos, viver nesses conflitos... isto é minha escolha e responsabilidade. É só respeitar-me, respeitá-los e viver com mais alegria e amor!