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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

AQUELES QUE AINDA NEM CHORAM...


             Foi dito:  Bem aventurados os que choram...
                           Eles serão consolados!
Choram aqueles que passaram pelas perdas, quaisquer perdas, pelas ingratidões, pelas injustiças, pela vergonha, pelo arrependimento, pelas doenças, pelo abandono... pelas dores de sua humanidade sentida!
Mesmo que seu pranto ainda esteja marcado pela raiva, irritação, pela mágoa, ressentimento, pelo desejo de vingança, pelo ódio. Ainda que seja um pranto de covardia, culpa, remorso... Não importa! Eles já choram!

 Quando a dor nos contorce, espreme e faz chorar, isto marca o início de uma jornada longa, muito longa, ao encontro da consciência de nossa humanidade, mesmo que ainda tão primária, competitiva, egoísta...
Nosso pranto revela nossa fragilidade ante uma realidade mais forte e, tantas vezes, adversa... Ante o poder do mal nos homens e de seus sistemas,
 ainda tão desumanos,que nos submetem, espoliam, sem piedade... Ante nossa impotência perante o Outro ou perante as decisões de um Poder Maior. Entramos em contacto com o “mal” do mundo e, indignados, doídos, humilhados...choramos

Aprendendo a reconhecer o mal, sofremos com ele e começamos a desejar o Bem, trazê-lo ao Mundo e aos outros.  Mas, então, ainda  julgamos, condenamos, tentamos modificá-los. E só quando entendemos que nada conseguiremos nessa luta é que começamos a olhar para o “mal” em nós mesmos... e choramos. Já agora com humildade, com o desejo de nos modificarmos em busca desse bem que poderia nos trazer felicidade. Humildemente, nos sentimos acolhidos, consolados e fortalecidos em nossos propósitos por um amor maior que só um Poder Superior pode nos proporcionar! E entendemos: “Bem aventurados os humildes, os que choram... porque serão exaltados e consolados”

Mas, e aqueles que ainda nem choram?
E aqueles encapsulados, presos às suas defesas de dinheiro, poder, prestígio, força material... Aqueles que se sentem e se julgam acima do bem e do mal, orgulhosos, arrogantes, num auto-engano que os envolve e isola?
E aqueles que fogem da dor da vida, escondendo-se atrás das drogas químicas (álcool, remédios, outras...) e tentam permanecer anestesiados da dor, de si mesmos, de sua luz?
E os muito jovens, tolos/alegres, com o desconhecimento próprio da juventude e/ou com a proteção exagerada dos pais ou das leis, que os afastam da dor, da responsabilidade por seus atos e suas escolhas?
E os muito sofridos e agredidos, encerrados em malhas/armaduras de ódio, contra tudo e todos, que só fazem chorar e jamais choram?

            A eles, certamente, a Paciência de um Deus Amoroso que os aguarda no tempo para acolhê-los e consolá-los.

            Com eles, atenção e firmeza em nossas relações. A eles, nossa compaixão pelo vazio de amor de seu mundo, compaixão pelo longo caminho que ainda lhes falta para um despertar doloroso... A eles, nosso desejo e “torcida” para que logo se libertem e acordem para que um novo caminhar.