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sábado, 7 de dezembro de 2013

UM VELHO TIO


            Ele era um tio “emprestado”. Era muito querido, alegre, generoso, brincalhão...
Ele se foi! Já não o via há algum tempo. Morávamos distantes e ele estava muito idoso. Mas como doeu saber que ele se fora! Agora já não estaria ao meu alcance físico! Agora seriam só lembranças...
Lembrança gaiata da última vez em que nos vimos, quando o abracei com entusiasmo e força e ele, velhinho e fraquinho, gemeu: ai, ai! E nós nos rimos!

            Sinto que estou chorando mesmo é por uma fase muito boa da minha vida que já passou - dias de risos e brincadeiras passados com aqueles tios e primos... Ele era o último elo com a memória daqueles pedacinhos maravilhosos da minha infância!

            Meu companheiro, meus filhos e netos, pouco o conheceram, não viveram nada disso. Não posso compartilhar com eles as lembranças, nem tão pouco essa perda. Não consigo me sentir “entendida” em minha tristeza. Na verdade, nossos momentos são quase individuais! Quanto mais o tempo corre, menos temos parceiros que possam, realmente, sorrir e chorar conosco as nossas memórias. Essa é uma das faces da solidão que nos ameaça na velhice.

            Nessa perda, fui me despedindo dessa fase de minha infância, que já se fora há muito, mas que, com ele, eu me enganava que ainda estava ali.
Nesse luto, revi alguns primos, conheci novas gerações da família...
Agora, vou enxugar as lágrimas, honrar sua memória, sua passagem pela minha vida, sorrir das boas lembranças...

É isso! É a Vida continuando, passando, renovando experiências, em todas as suas dimensões - para mim, para ele, para todos nós!