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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PARTICIPAÇÃO


           Nossa participação em qualquer grupo humano está ligada ao nosso sentimento de pertença, de pertencimento. Participando, sentimos que fazemos parte daquele grupo (Família, Escola, Igreja, Trabalho...). E é também participando que aprendemos, crescemos e florescemos. É compartilhando, trocando, que vamos descobrimos quem somos e o que podemos.

            Mas como fomos ensinados a participar para podermos pertencer? Bem cedo fomos entendendo que precisávamos disputar para termos um “bom” lugar nos grupos, quaisquer grupos. Precisávamos ser bons, os melhores, para contarmos com a admiração, a valorização, o prestígio, e assim não corrermos tanto o risco de perdermos valor, valores e amores. Aprendemos a participar de uma forma distorcida, nos comparando, tentando sempre muito mais parecer do que ser, o que acaba nos distanciando afetivamente uns dos outros, enquanto nos enredamos nessas artes de defesa/ataque, nesses jogos de prestígio e poder.

            Nesse modelo egóico de pertencer, disputado e equivocado, fomos buscando participar da forma que nossas características pessoais nos impelem.
 - podemos nos omitir, nos esconder, porque somos preguiçosos, letárgicos, ou porque temos medo de nos arriscar, de tomar atitudes, de sermos responsabilizados. Cedemos espaço, mas se algo der errado, a culpa é dos outros, “não temos nada com isso”. Não nos doamos, nada acrescentamos!
 - podemos ser os submissos, os sobrecarregados, os obedientes, que também não se responsabilizam porque só cumprem ordens. Preferem sempre concordar para serem aceitos e queridos. Não criam e também não acrescentam!
 - podemos ser os eternos críticos, meio “de fora” para melhor apontar os erros dos outros. Tornamo-nos ácidos, amargos, negativos, destrutivos, em nome de proteger o grupo. Não somos amados, mas nos consolamos em ser temidos.
 - podemos nos ver como “líderes” condutores, quando somos, na verdade, controladores, arrogantes donos do saber e da verdade. Orgulhosos, não ouvimos os que “nada têm a nos acrescentar”! Queremos fazer tudo no nosso jeito ou tudo/todos controlar, tirando aos outros a capacidade de colaborar e do grupo crescer. Somos movidos pela constante necessidade e ambição de prestígio e poder.
 - podemos ser os agressivos, os grosseiros, os ríspidos, os frios, os distantes, os fechados, que não dão afeto, que a todos afastam e, tristes/amargos, se sentem excluídos e abandonados...

Podemos desempenhar tantos outros papéis nesse modelo aguerrido!
Mas, nenhum deles nos gratifica, nenhum deles nos aproxima uns dos outros, nenhum deles nos traz conforto e alegria ao convívio. Eles não nos fazem melhores e mais felizes! Como mudar? Não quero simplesmente me afastar e abrir mão das pessoas e oportunidades que passam pela minha vida, em Família e em outros grupos. Quero participar de uma forma prazerosa, que nos acrescente, que nos faça florescer! Cabe somente a mim escolher um novo modo de estar, de participar. Talvez os outros não se interessem em modificar sua participação, mas só posso mudar a mim!
 - posso aprender a ouvir, inteira, disponível, com coração e mente abertos.
 - posso exercitar a coragem para me revelar, para me colocar, para colaborar, com doação, sem cobrança ou expectativa de gratidão.
 - posso descobrir a importância do sorriso, da delicadeza, da gentileza para chegar ao outro, valorizando-o com meu respeito, demonstrando a necessidade de Igualdade e Simplicidade em qualquer relação.
 - posso descobrir a Humildade com as minhas falhas e ao compreender as dificuldades do outro ao “calçar os seus sapatos”.
 - posso ser uma voz de boa vontade e entusiasmo, uma voz mais firme e serena, querendo apenas participar para cooperar.


            Essa é a Participação que, acredito, se torna a “chave da harmonia” em nossas relações.