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domingo, 8 de setembro de 2013

MEU FILHO, MEU FILHO...


           E o rei gritava e chorava pelos corredores do palácio, clamando:
- Meu filho, meu filho...!
Esse é um episódio contado num livro muito antigo. Ele fala da dor do pai pelo filho que ele “perdera”, pelo filho que se perdera!

Ah! Meu filho, meu filho...!
É um gemido que retrata um medo continuado, um susto constante e doloroso, uma agonia que se repete a cada momento de impotência ante os rumos que os filhos muitas vezes tomam, ante a barreira que parece se interpor entre os pais e o filho... São linguagens diferentes, idéias divergentes, caminhos e atitudes “tortas” que se contrapõem aos desejos, fantasias e valores dos pais.
Aprendemos a acreditar que tínhamos o Poder e, mais ainda, o Dever, de cuidar do filho, consertá-lo, resgatá-lo, modificá-lo... Afinal, era o nosso filho! E agora, tudo se mostrava impossível! O que mais posso fazer? Onde errei? Onde estou falhando? Fracassei! Sou incompetente! Mas preciso salvá-lo!  Meu Deus, como dói tudo isso!

            Ah! Meu filho, meu filho...
Quantos sentimentos se misturam, então, ao nosso amor e nos confundem: medo, ansiedade, frustração, raiva, culpa, vergonha, mágoa, ressentimento, desespero, cansaço, desesperança...

            Ah! Meu filho, meu filho...
Quanta dor nessa luta inglória, luta perdida, nessa “missão impossível” de tomar tua vida, teu caminho, teus descaminhos, em minhas mãos e querer modificá-los!... Quantas atitudes incoerentes, controversas, contraditórias, ora cedendo, ora negando, manipulando, escondendo, cobrando, exigindo, culpando, implorando, me humilhando, te humilhando, agredindo... em nome de um Amor desesperado! Toda uma luta que nos feria a todos na tentativa de manter o controle do incontrolável – o Outro, ainda que meu filho, ainda que meu Amor!

            Ah, Meu filho, meu filho...
Revejo o caminho da Dor: a inicial negação dos “problemas”, a luta desorientada e desesperada, a conformação cansada, magoada, desesperançada... até a aceitação, afinal, da verdade simples – estamos juntos, mas não somos misturados! Os filhos têm seus próprios caminhos... Os pais não são incompetentes, são apenas impotentes! Somos, apenas, parceiros nessa caminhada. Uns vieram antes, outros depois, para nos amarmos e respeitarmos.

Ah, Meu filho, meu filho...
Como entendo os gritos e lamentos de dor daquele rei, daquele pai tão antigo! Como me doeu te ver sofrer! Qualquer dor, pequenas ou grandes! Chorei com as tuas dores! Hoje, quero estar sempre contigo (não importam as distâncias), para te animar, te amar... mas não devo e não quero mais chorar pelas tuas escolhas, respeitando-as e aos teus tropeços, porque eles geram teus aprendizados...

Ah, Meu filho, meu filho... Que a mesma doce Luz que nos habita possa nos orientar em nosso caminhar, possa nos perdoar, consolar, fortalecer e pacificar.