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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

OS NÃO DITOS


          Qual será nossa maior dificuldade: a de ouvirmos (realmente) ou a de “dizermos”, (honestamente)? As duas fazem parte do ato de nos comunicarmos – e temos tanta dificuldade com ambas! Precisamos tão desesperadamente nos comunicar, sermos entendidos, entendermos uns aos outros. Somos seres de grupos e através da comunicação honesta/aberta é que podemos nos aproximar, acolher, trocar, ensinar/aprender... Mas, podemos também nos calar e assim nos afastar, nos isolar...

            Nós nos comunicamos dizendo do nosso amor, do nosso desamor, do que queremos, do que não queremos, do que sonhamos, do que sentimos, do que pensamos...dizendo de nós mesmo, de onde estamos, de como estamos. E fugimos do verdadeiro encontro através da comunicação pervertida pelas mentiras (“boas” ou más), e mais dolorosamente – pelos silêncios, pelos não ditos!

            Os não ditos são as nossas verdades, os sentimentos/pensamentos, que negamos ao Outro, que traímos a nós mesmos não lhes dando voz e às vezes sequer os reconhecendo. Nós os calamos, mas não os aquietamos. Eles não se acomodam e ficam dentro de nós como gritos de amordaçados, que incomodam, que atormentam. O que calamos por covardia, por “generosidade” ou por desânimo/desistência está sempre nos sufocando, nos ameaçando, nos envergonhando...  “Se fosse resolver, iria te dizer da minha agonia...”

            Os não ditos envenenam as relações, lançando uma névoa escura entre nós, fazendo nós nos perdermos de vista. Nesse silêncio medroso e perverso nós nos sentimos como viajantes sem rumo, sem chão, sem teto – totalmente à deriva! Onde está o outro? O que deseja? Será que o magoei? Quando? Como? Onde? Será... Quem é o outro, afinal?

Os não ditos nos levam assim a grandes desvios e a nos perdermos na busca do Encontro, que tanto ansiamos. E nos levam ao cansaço, ao desânimo na relação... Acabamos por desistir um do outro e nos isolamos...
O que, às vezes, ainda permanece entre nós são as trivialidades, as superficialidades, algumas/muitas farpas ressentidas ou um grande silêncio... 
“Como as pedras que choram sozinhas nos mesmo lugar...”

            Em qualquer relação não posso obrigar o Outro a se revelar, a dizer de si mesmo para nos aproximarmos.  O que posso é acolher meus sentimentos e dar-lhes voz com honestidade. Posso ser um referencial diferente na relação, ser assertiva, abandonando o medo, os segredos, as manipulações, o silêncio.

Posso preferir os Ditos, até eventualmente os mal ditos (agressivos), mas jamais os não ditos!


Posso ser verdadeira e assim trazer luz para favorecer um possível e tão desejado Encontro!