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quinta-feira, 9 de maio de 2013

EU SÓ PRECISO CHORAR



          Meu Deus, quantos choros escondidos, reprimidos...
Choros que acabava por liberar, aos pouquinhos... Choros que só marejavam meus olhos, doendo, ardendo... quando a garganta contraída, doendo tanto, já não conseguia reprimir toda a emoção. E eu olhava para outro lado, falava qualquer outra coisa, tentava rir, desconversar, não pensar, não sentir...
           
            E fica a pergunta: Por que me sufocar tanto?
 - é meu orgulho atuando, fazendo-me sentir vergonha de demonstrar fragilidade, sentir vergonha de parecer descontrolada ou mesmo fraca, boba?
É ainda esse orgulho que me faz vaidosa de querer parecer/ser superior, forte... E como tal, precisar ter o cuidado de preservar e poupar os “mais fracos”? Ou o cuidado de não querer “incomodar” os outros?
 - são os ditames familiares, culturais, que me condicionaram a não demonstrar emoções? Um pudor absurdo de ser eu mesma?
 - é a insegurança, o medo de parecer “chata”, o medo de não ser aceita, de não ser amada?
 - é o medo irracional de começar a chorar e nunca mais conseguir parar, de me acabar...
 - é um pouco de tudo isso?

            Quantos choros não chorados! E quantas vezes não fui acolhida e melhor compreendida pelas dores que não demonstrei e até pelas emoções mais doces e bonitas que disfarcei... por tudo que tranquei em meus olhos, minha garganta, em meu peito, em mim... Nessas ocasiões, engoli o choro, escondi sentimentos, reforcei a máscara e continuei caminhando, pisando duro, reta, seca, desumanizada, superficial, trivial, quando não, ameaçadora ou agressiva, na defensiva, cada vez menos próxima de outros, também “defendidos”. Quantas dores pelas desilusões, pelo fim de uniões, pelos afastamentos... pelos filhos que cresceram e se foram e pelos filhos que se foram, sem nem ao menos acabarem de crescer... Dores, enfim, de despedidas, quaisquer despedidas...  A dor maior do confronto com minha impotência ante situações limites em minha vida. E parece que quanto maior a dor, tornava-se maior a necessidade de segurar as lágrimas, ser forte...

            Em alguns momentos, sinto-me cansada! Para que? Por que?
A troco de “parecer” para mim mesma e para o mundo?
Preciso me cuidar com mais ternura e carinho, respeitando meus limites e minhas emoções. Preciso aguar minha vida com as lágrimas permitidas pela minha própria humanidade. Preciso ser forte o suficiente para me permitir expressar meus sentimentos pelas palavras, gestos e pelo pranto.

Hoje, nesse momento, eu só preciso chorar!