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domingo, 3 de fevereiro de 2013

DOR COM PAZ



           Quando os fatos “ruins” e inesperados da vida nos desafiam, quando eles ameaçam desmoronar nossos sonhos e nossa felicidade, nos sentimos  atingidos pela Dor. E ela nos sacode, nos acorda, nos faz movimentar e caminhar. Nossa primeira reação, numa tentativa de defesa, é negarmos a realidade indesejada - Não é possível! Não acredito!... Depois, procuramos sua origem tentando afastar assim o que possa estar nos machucando. E queremos entender... Por que?

            Procuramos respostas nas pessoas, no mundo, em Deus! Por que? Por que comigo? Por que assim? Por que?...
 - Comparamos nossa história com outras, negamos falhas, revemos nossos atos (justificando-os, quase sempre) ou reconhecemos alguns erros, mas lamentamos a “injustiça” ou exagero no peso dos “castigos”!
             Passamos do choque à luta e lutamos... Como lutamos!
 - Reagimos, tentamos barganhar e manipular esse Poder Maior que parece não nos ouvir, que não modifica as pessoas “erradas” da nossa vida ou os fatos irreversíveis tão dolorosos! E prometemos...Como prometemos!
 - Lutamos e esperneamos enquanto acreditamos que, talvez, tudo possa se resolver de forma menos dolorosa... Afinal, é muita dor! De uns, porque ficaram; de outros, porque se foram! Desencontros e separações são sempre tão doídos!
 - Continuamos a luta até que a realidade adversa se impõe, encaramos nossa impotência e repetimos para nós mesmos: “perdemos”, “perdemos”... Temos que nos conformar! Na verdade, é uma “conformação inconformada”, cheia de mágoa, de ressentimento, abafando uma revolta surda, calada, amordaçada, submetida, uma “bronca em stand by”, “conformada”...

            Mas, esse não é o fim da linha do processo detonado pela dor! Não é sadio permanecer assim porque a conformação é uma “parada indigesta” na agonia, ainda que numa agonia “elogiada, suavizada, martirizada”! A conformação faz parte do processo, mas seu prazo precisa ser breve para continuarmos -  num “bom movimento”!

Num certo tempo, começamos a entender e acreditar, realmente acreditar, que o Universo e tudo que nele existe, inclusive nós e quem amamos, pertence e é orientado por um Poder Superior Amoroso; passamos a acreditar que em tudo há um Sentido, ainda que nos escapem os detalhes, ainda que nos faltem informações ou uma visão mais ampla. Começamos a Crer que, juntos ou separados por diferentes dimensões, por distâncias físicas ou afetivas, concordando ou discordando, estamos Todos nesse processo rumo ao Melhor. Começamos a crer que cada um de nós tem um caminho único, feito por escolhas pessoais, particulares, em um tempo próprio... mas todos temos a mesma Destinação e estamos todos no plano amoroso de Deus.

            Quando essa crença se faz certeza e começa a tomar forma e força dentro de nós, descobrimos a verdadeira Aceitação e começamos a desfrutar de um sentimento de Paz que parece “descer” e crescer em nós. A dor ainda está presente, acredito que para sempre. Mas já não me debato tanto, já não me arraso tentando modificar pessoas ou reverter os fatos. Já não me desgasto tanto remoendo raivas, ressentimentos... Já não choro tanto o que poderia ter sido e não foi... Já não arrasto um sofrimento que acompanha a eterna luta “contra”... E, quando a luta cessa, toda minha força interior fica liberada para criar, ajudar, para amar e continuar um “bom viver”.

            Hoje entendo cada vez melhor as palavras inesquecíveis de uma pessoa atuante, amorosa, solidária, vibrante... Era também uma mãe muito, muito doída, dando notícias muito, muito tristes, de um filho ainda muito perdido...
Ela sorriu triste e me disse:
 - Como dói, amiga! Mas agora é uma “dor com paz”...