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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

OS FORTES TAMBÉM CHORAM



           Os fortes choram choros contidos, bloqueados, às vezes escorregados, fugidios, furtivos... Choros assustados e assustadores para eles mesmos, choros que lhes ameaçam ser como o rompimento de uma imensa barragem que, uma vez excedida, tudo alaga, incontida, avassaladora, parecendo tudo arrastar, até tudo se acabar...

            Os fortes sofrem! Sofrem como qualquer um! Têm medos, ansiedades, carências, mágoas, tristezas, desesperos... todos silenciosos, calados, mudos. Eles só se permitem, às vezes, demonstrar suas raivas, revoltas... porque parece que esses sentimentos combinam melhor com o que se espera de sua força! Os fortes mostram aos outros uma máscara muitas vezes fria, dura, retesada pelo esforço de mantê-la. Dos outros, recebem elogios pela força ou censuras pela indiferença. Os fortes sofrem, mas sua dor não é percebida e eles sentem-se profundamente sós!

            Os fortes estão sempre divididos entre o que desejam e até necessitam (mas temem sentir e, mais ainda, demonstrar) e ser apenas “gente”. Queriam ser abraçados, acarinhados, consolados, cuidados... mas, ao mesmo tempo, tudo isso os faz sentir ameaçados por sua fragilidade assim exposta, revelada... Estão cansados de ser fortes, cansados de ter que tomar iniciativas, atitudes, decisões; de ter que cuidar dos fragilizados, de ter que atender às expectativas de todos à sua volta... apenas porque são fortes! Estão cansados, queriam apenas relaxar, poder chorar, pedir ajuda, receber cuidados, atenção, proteção... Queriam ser percebidos mais intimamente em suas necessidades e carências afetivas... Como sair desse impasse?

            Como conseguir sua inteireza? Como assumir suas características de fragilidade e força, às vezes tão antagônicas? Como abrir mão do orgulho de ser o mais forte, da vaidade de ser “uma rocha”? Como desistir do controle de ser aquele que orienta, que decide, que comanda, que direciona? Como desistir dos rompantes de raiva, que amedrontam os outros, que servem de válvula de escape das necessidades íntimas tão sufocadas? Como ousar se permitir ter necessidade de carinho, afeto? Como admitir sentir medo, saudade, dúvidas...?

            Sair desse impasse interior requer processos e procedimentos também interiores: Humildade, honestidade, auto respeito... e “Coragem para mudar” na construção paciente e perseverante de uma auto estima que privilegia o que realmente sou e o que posso – “Só por hoje”.