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domingo, 9 de dezembro de 2012

A DOR DO OUTRO


           Qual o tamanho da dor do outro? Será que posso medi-la? Posso realmente “entendê-la”? Poso senti-la em todas as suas nuances?

Não, não posso! A dor de uma pessoa é tão única quanto ela mesma! Não importa se já passamos por uma circunstância dolorosa semelhante (traições, discriminações, decepções, humilhações...), por perdas “iguais” – de sonhos, de oportunidades, de relações, dos amores mais próximos...
Na verdade, nada é igual, porque não somos iguais! Cada um de nós tem uma história única; cada fato tem para cada um de nós um peso diferente e reagimos a eles de uma forma absolutamente particular. Uns choram para sempre, outros jamais choram; uns gritam, esperneiam, outros se calam, se sufocam; uns se revoltam, outros se anulam, outros ainda se amansam... Quando comparamos as dores do outro com as nossas, tendemos a minimizá-las e, às vezes, a não nos apercebermos delas .  Em nós, dói mais, sentimos mais de perto! E ficamos tão fixados em nossa dor, que, em alguns casos, egoístas sofridos, nem nos damos conta do peso dela no Outro.

Certas perdas nos atingem de tal modo, que nos trazem mais do que dor – trazem horror, desespero, desesperança... trazem uma sobrevida a princípio arrastada, sem vontade, sem força, fugitivos das lembranças ou reféns de um replay inacabável do filme da perda. Hoje, eu me dou conta que eram tão presentes e intensas para mim, em mim, que me fizeram fechada e insensível à dor do Outro, mesmo do Outro que eu tanto amava! O Outro que morrera, que se fora e me deixara ou o Outro que falhara aos meus olhos e aos do mundo... Não conseguia sequer “imaginar” a dor do Outro!  Daquele que se fora e perdera todos de uma só vez (familiares, amigos, namoradas...), que deixara projetos inacabados, desculpas não pedidas, perdões não concedidos, “felicidades” não alcançadas...  Ou a dor de quem falhou, decepcionou, que tentou, mas não conseguiu se salvar das humilhações, da vergonha... As perdas eram grandes demais e as dores tinham que ser grandes demais, também! Mas minha grande dor e minha tola pretensão me levaram a desconsiderar a dor do outro, me levaram à insensibilidade, à incapacidade de “pressenti-la”.

Hoje, tento olhar para o Outro, qualquer Outro, aceitando sua dor, sem avaliações, sem julgamentos, sem comparações, sem a pretensão de querer resgatá-los dela... Apenas solidários, com empatia e companheirismo.                                                    

Hoje, compartilho com vocês, “Outros”, aqui ou onde estiverem, meu arrependimento tardio, o meu “entendimento” tardio de tanta dor que sua humanidade lhes fez sentir.  Também tardio, o meu sentimento e o meu profundo respeito!