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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ABUSO



            Quantas vezes ao dia nos sentimos vítimas de abuso? Estamos condicionados a entender o abuso, principalmente, quando ligado a abusos físicos/ sexuais. Na verdade, sofremos abusos num âmbito muito mais abrangente e praticamente todo o tempo: pela falta de educação e civilidade das pessoas em geral – os zangado, os arrogantes, os ansiosos, os apressados... É um “salve-se quem puder”! Sofremos pelas deformações do nosso modelo materialista, que privilegia o lucro a qualquer preço, a competição, a correria, porque “tempo é dinheiro”, e a esperteza, que usa propaganda, mesmo enganosa, porque ela é a “alma do negócio”! Sofremos abusos psicológicos, afetivos, pelas pessoas que amamos, que nos ameaçam, sutilmente ou não, de desamor, de desvalorização, de rejeição, de nos preterirem, caso não atendamos às suas expectativas! Sofremos abusos desde a infância, uns mais, outros menos, com as ironias, os deboches, as pancadas, em família ou não, como forma de domínio e poder, nos fazendo sentir desvalorizados, humilhados, impotentes...

            É cansativo, desanimador, irritante, massacrante, termos que estar sempre vigilantes, ameaçados e abusados de tantas maneiras, atacados de tantas direções, acuados como animais num mundo que, assim, se nos afigura como uma selva perigosa! E o mais terrível é que vamos aprendendo a reagir à altura, aprendendo a “dançar conforme a música”. Tornamo-nos, então, sob variados aspectos, muitas vezes, os que abusam, os espertos, os manipuladores, os agitados, apressados, agressivos, violentos, covardes...

            Não tenho o poder de modificar as pessoas e nem o “Sistema”, mas não devo, e também não quero, tudo justificar como sendo normal, repetindo: “é assim mesmo!”. Muitas vezes o normal não é o natural, não é o correto, o justo e o ético; não é o que favorece sermos felizes. Preciso estar em contacto íntimo comigo para “ver” o que acredito, o que quero, o que posso. Preciso desistir de reagir, de “dar o troco”, de me adaptar ao que é tão perverso! Preciso aprender a parar, pensar e agir com assertividade e generosidade. Desistir de reclamar em OFF, lamuriando-me junto a outros agredidos e revoltados, e tomar uma atitude firme, dentro das minhas possibilidades – fazer o que posso, fazer a minha parte, pequena que seja. Isto me faz sentir atuante, com lealdade a mim e respeito a nós.

Não quero me deixar absorver e passar a fazer parte de um Sistema abusivo e tão desumano. Esta seria minha maior perda, o maior dano resultante desses abusos.  Evitar isso é minha responsabilidade!

Comentários / Contato : mariatude@gmail.com