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terça-feira, 12 de junho de 2012

NECESSIDADE É AMOR ?


           Nossas relações afetivas são baseadas no apego e na posse. O Outro é nosso, pertence a nós e vice-versa. Isto porque acreditamos que somos parte, pedaços, a serem completados pela pessoas amadas, pessoas de que necessitamos para dar significado às nossas vidas (filhos, pais, amantes, familiares, almas gêmeas...) A elas nos “plugamos” e acreditamos que, enquanto estivermos juntos, seremos felizes para sempre. E pensamos, e dizemos, e ouvimos:
 - Você é tudo para mim! Sem você, eu não sou nada, ninguém! Necessito de você para viver, para ser feliz! Você é o ar e a luz da minha vida! ...

            Desavisados, equivocados, sem a mínima percepção de quem somos, adoramos ouvir estas declarações daqueles que amamos. Elas nos reafirmam que somos importantes, os mais importantes! Elas asseguram que temos um valor especial... para o Outro. Isto nos torna confiantes de  que não seremos preteridos, rejeitados, abandonados. De que não ficaremos incompletos, despedaçados, humilhados, sem sentido, sem rumo... Nosso grande temor dessa perda de significado, fica momentaneamente acalmado pela presença do Outro, e nos impõe uma necessidade compulsiva de reafirmar tudo isso, a todo momento.

            Essa necessidade, essa fome, essa “precisão”, do Outro nos mantém ansiosos, vigilantes, reféns eternos do medo de sentir “escassear” nosso alimento – o Outro. Estamos sempre atentos a qualquer desvio de atenção. Vigiamos, controlamos, manipulamos e cobramos. É uma luta contínua, disfarçada ou não, consciente ou não, em que nos enredamos porque “Só não podemos é perder esse amor!” Bem dizem que “Amar é sofrer!”

            Necessidade não é amor! Necessidade é busca exterior, de coisas e pessoas que se tornam coisas, para suprir carências interiores de auto estima e auto valorização. Se essa necessidade permanece inconsciente, equivocadamente confundida com amor, estaremos condenados a relações de conflito e dor em nome do amor, buscando sempre algo ou alguém que nos complete.

Preciso entender que: nada, nem ninguém, pode suprir minha carência interior de propósito, de significado, de liberdade e de Amor. Nada, nem ninguém, pode responder às minhas questões e ir desvendando o Mistério que sou! Nada, nem ninguém, pode ser tão íntimo, conhecer melhor minhas dúvidas, minhas descobertas, meus recuos, meus avanços, meu caminhar...! Todo esse processo interior de cuidados e atenção é que pode me nutrir e construir minha auto estima.

Também não posso suprir as necessidades dos Outros. “Aos outros, só podemos amar” – aceitando, respeitando, não invadindo, caminhando juntos, “desplugados”, parceiros... mas livres.

Comentários / Contato : mariatude@gmail.com